Biografia do Brasil: história social e individualismo psicologizante

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Wilson Flores

Resumen

O presente artigo analisa o livro Brasil: uma biografia, escrito por Lilia Schwarcz e Heloisa Starling. A obra propõe realizar um estudo histórico, social e político do Brasil, buscando inserir-se na tradição das grandes sínteses dedicadas a pensar o país construídas entre os anos 1930 e 1990. No entanto, diferentemente destas que trabalhavam com noções como formação, evolução, sentido, o livro de Schwarcz e Starling propõe pensar o país recorrendo à biografia. A proposta, que pode soar inusitada, é coerente com uma tendência editorial de sucesso que consiste em construir biografias sobre praticamente qualquer assunto. Esse alargamento do escopo do que pode ser biografado configura uma forma de narração que combina perspectiva histórica e visada psicologizante que, empregada para pensar o arco histórico do processo social de um país, esvazia o conteúdo potencialmente problematizador e político inerente ao tema que a reflexão põe em cena. A incapacidade de pensar a história social a partir de suas condicionantes materiais, históricas, culturais, como se procura discutir, relaciona-se com a racionalidade neoliberal que, ao se apresentar como referência incontornável de toda a experiência coletiva e individual, configura-se como um tipo específico de totalitarismo.

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Cómo citar
Flores, W. (2023). Biografia do Brasil: história social e individualismo psicologizante. Sociohistórica, (52), e205. https://doi.org/10.24215/18521606e205
Sección
Dosier: Teoría crítica y crisis: construcciones intelectuales frente a las crisis históricas

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